segunda-feira, 7 de junho de 2010

A ROSA DE PLÁSTICO


Hoje esta fazendo um ano que recebi de presente uma rosa de plástico. Ela se encontra ali, em cima do móvel, imóvel. Durante esses doze meses muitas coisas aconteceram: crianças vieram ao mundo, florestas foram devastadas, ergueram-se edifícios, governos foram depostos e homens foram mortos. Mas a ela o tempo não afetou em nada, mantém-se intacta. Esquecida em seu canto ouve os segredos da família, o riso confuso dos adultos, o choro estridente das crianças. Seu perfume de acetileno impregna a sala. Indiferente a tudo e a todos permanece entre nós. Não ingeri e nem elimina, não produz e nem reproduz, é estéril e inútil. A chuva, o vento e o sol, nada lhe faz diferença. Nela nenhum pássaro pousará em busca do pólem ou do néctar nutritivo. Objeto de adorno representa a indiferença pela vida. Sem raízes, ao invés da terra foi fecundada numa fábrica. As mãos que a fabricaram, um dia, cedo ou tarde hão de se imobilizar para sempre e em seguida se decompor obedecendo a lei natural da vida.
Tu rosa de plástico, poderás ficar ai ou em outro canto qualquer enquanto as gerações de minha família irão se passando. Se fores atirada ao lixo ou mesmo ao mar continuarás existindo em alguma parte, não entrarás em decomposição, pois, nem mesmo os fungos e as bactérias a querem.
Por que me deste de presente uma rosa de plástico?

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